Tema: “Quem me obedecer nunca Morrerá”.
GoVal 26/05/2013
Régis Duarte Müller
Dom da Santíssima Trindade –
26/05 a 02/06/2013
Textos Bíblicos: Salmo 8; Provérbios
8.1-4,22-31; Atos 2.14ª,22-36; João 8.48-59
Hoje
(26/05/2013) é o Domingo da Santíssima Trindade, quando queremos lembrar a ação
Divina em prol da humanidade desde a Criação, passando pela Redenção até à
Conversão. Na ação real de Deus Pai, Filho e Espírito Santo.
Todo
o mundo foi sabiamente criado por Deus, sendo o homem a coroa de toda
criação
(Gn 1.26). Deus fez o ser humano inferior somente a Ele mesmo, e lhe concedeu
glória e honra de rei, bem como, lhe deu a autoridade sobre tudo que criou (Sl
8).
Tendo
sido assim, toda a ação de Deus visa o bem do homem. Por isso, quando acontece
a queda, Deus providencia um plano para resgatar o homem que se desviou. A
criação de Deus Pai teve como obra prima o homem, o qual precisa ser redimido.
Por
isso Deus manda seu Filho, Jesus Cristo. A obra de Cristo é árdua, pois é
necessário sofrer por todas as pessoas do mundo. O resultado da obra de Cristo
é a vida que nunca termina. Esse é o assunto em debate com os judeus, que não o
reconheciam como Deus, e por isso o consideravam um blasfemo, alguém
endemoninhado.
Em
João 8.48-59 encontramos um árduo diálogo de Jesus com os judeus. A questão em
pauta é a afirmação de Jesus: “EU SOU QUEM SOU” (Jo 8.28), bem como: “Se alguém guardar a minha palavra, não verá
a morte, eternamente” (Jo 8.51).
Em
virtude da posição firme de Cristo, dizendo-se o caminho para a eternidade, os
Judeus questionam: “Por acaso não temos
razão quando dizemos que você é samaritano e está dominado por um demônio?”
e afirmam logo em seguida: “Agora estamos
certos de que tens demônio” (v.52).
Os judeus conseguem perceber o que Jesus quer dizer, sem,
contudo, crer. Por isso as acusações, pois somente um ‘louco’ afirmaria “Se alguém guardar a minha palavra, não verá
a morte, eternamente” (Jo 8.51).
No entanto Jesus não estava louco, muito pelo contrário,
Jesus estava falando a verdade e responde aos judeus porque eles não estavam
compreendendo: “vós não o tendes
conhecido; eu, porém, o conheço. Se eu disser que não o conheço, serei como
vós: mentiroso; mas eu o conheço e guardo a sua palavra” (v.55).
Assim como os Judeus, nós também temos dificuldades para
entender/compreender a Trindade. Os judeus não conseguiam entender/crer que
Jesus Cristo é o Messias, o Salvador e verdadeiro Deus. Não conseguem discernir
a Palavra de Deus. Assim também, muitas vezes temos dificuldades para
compreender a ação de Deus em nossa vida. Principalmente quando permitimos que
a Palavra de Deus seja contestada, como nos exemplos abaixo:
Quando a Criação é posta em cheque diante do
evolucionismo; Quando a salvação é considerada como uma conquista individual
através das próprias obras; sempre que a fé é considerada uma decisão pessoal.
Esses exemplos demonstram dificuldades para compreender a
Trindade, pois veja:
Quem acredita que o mundo surgiu através de evolução, que
o homem é resultado de evolução, não compreende a Palavra que afirma através de
Davi: “Que é um ser mortal para que te
preocupes com ele? No entanto, fizeste o ser humano inferior somente a ti mesmo
e lhe deste a glória e a honra de um rei. Tu lhe deste poder sobre tudo o que
criaste” (v.4-6ª).
Quem acredita que a salvação é uma conquista individual
através das obras, não compreende o sacrifício de Jesus Cristo na cruz, nem as
Palavras bíblicas que afirmam: “Porque
pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus”
(Ef 2.8).
Sempre que a fé em Jesus Cristo é considerada uma decisão
pessoal, não há compreensão correta da Palavra de Deus, nem da ação do Espírito
Santo. Na verdade as coisas de Deus são consideradas loucura pelos homens – foi
isso que os judeus pensavam
de Jesus: um louco. Contudo, Paulo nos explica: “Entretanto,
expomos sabedoria entre os experimentados; não, porém, a sabedoria deste
século, nem a dos poderosos desta época, que se reduzem a nada; mas
falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus preordenou
desde a eternidade para a nossa glória; sabedoria essa que nenhum dos
poderosos deste século conheceu; porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam
crucificado o Senhor da glória; mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem
ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado
para aqueles que o amam. Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o
Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de
Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio
espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece,
senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo,
e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi
dado gratuitamente. Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela
sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais
com espirituais. Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de
Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente. Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo
não é julgado por ninguém. Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o
possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo” (1 Co 2.6-16).
O fato é que o homem natural não aceita as coisas de
Deus, mas precisa ser convencido pelo Espírito de Deus que foi Criado pelo Pai,
Redimido pelo Filho, e santificado pelo Espírito.
O homem natural não conhece a Deus, como disse Jesus aos
judeus: “Vós não o tendes conhecido”
(v.52). De modo que, quem não conhece a Deus não poderá viver eternamente, pois
não obedecem as palavras de Jesus.
De fato Jesus é firme ao dizer a verdade, e não deveria
ser diferente. A Palavra de Deus anunciada permite ao Espírito Santo agir,
convencer e converter as pessoas dos seus erros, arrependerem-se e receberem o
perdão. Mas principalmente, a ação do Espírito convence a crermos que Jesus
Cristo é de fato o Messias, o Senhor e salvador. No qual, todo aquele que crer,
mesmo que morra, tenha a vida eterna (Jo 11.25-26); Vida esta, que nunca
termina. Como disse Jesus aos judeus: “se
alguém guardar a minha palavra, não verá a morte, eternamente” (Jo 8.51).
A
Palavra/mensagem de Jesus escandalizou os Judeus porque eles entenderam o que
Jesus estava querendo dizer, no entanto, não acreditavam. Eles entenderam que
Jesus se dizia ser mais que um profeta e até mesmo que Abraão, afinal ele
estava ali porque o Pai o enviou: “não
busco honra, mas o Pai me honra, estou aqui a mando dele. Abraão se alegrou
comigo ao ver meu dia” (v.54-56).
Sem dúvida o mistério da Santíssima Trindade é muito
instigante. O tema já foi muito estudado na história, como com certeza ainda é.
Um dos grandes estudiosos foi Santo Agostinho. E dele ouvimos o seguinte:
Certa vez, passeava ele pela
praia, completamente compenetrado, pediu a Deus luz para que pudesse
desvendar o enigma. Até que deparou-se com uma criança brincando na
areia. Fazia ela um trajeto curto, mas repetitivo. Corria com um
copo na mão até um pequeno buraco feito na areia, e ali despejava a água do
mar; sucessivamente voltava, enchia o copo e o despejava
novamente. Curioso, perguntou à criança o que ela pretendia fazer. A
criança lhe disse que queria colocar toda a água do mar dentro daquele
buraquinho. No que o Santo lhe explicou ser impossível realizar o
intento. Aí a criança lhe disse: “É muito mais fácil o
oceano todo ser transferido para este buraco, do que compreender-se
o mistério da Santíssima Trindade”. E a criança, que era um anjo,
desapareceu... Santo Agostinho concluiu que a mente humana é extremante
limitada para poder assimilar a dimensão de Deus e, por mais que se esforce,
jamais poderá entender esta grandeza por suas próprias forças ou por seu
raciocínio. Só o compreenderemos plenamente, na eternidade, quando nos
encontrarmos no céu com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
A Palavra de Deus diz: “fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de
honra o coroaste” (sl 8.5), e este “pouco menor” é imenso, de modo que não
podemos compreender muitos dos mistérios de Deus. E quando compreendemos a
respeito da salvação, precisamos levantar os olhos aos céus e render-lhe graças
e louvor por conhecermos a Deus, e por obedecermos os mandamentos de Jesus que
nos levam para a vida que nunca termina. Amém.